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The Ultimate Climax // Avant! Records // fevereiro de 2018
8.5/10
The Ultimate Climax é a segunda marca do enigmático projeto (QUAL) de William Maybelline dos Lebanon Hanover, disponível ao público desde 28 de fevereiro sobre a mão da Avant! Records. A mesma que tem ganhado uma enorme influência nas sonoridades vanguardistas como diz bem o seu moto "Record Label for the Last Vanguard” e a responsável por outras gemas, como: H ø R D, Semiotics Department of Heteronyms, Rendez-Vous entre outros.
Ao contrário de Lebanon Hanover neste registo temos o privilégio de conhecer, na minha opinião, a verdadeira parte obscura de William que o mesmo faz questão de nos mostrar em músicas como "Above Thee Below Thee" ou até "How Many Graves", mostrando que a sua crueldade sonora e sua catatónica emocional veio até nós para deixar a pista de dança em ruínas, na forma de New Age Brutalism, como o mesmo, autointitula.
QUAL começa de um jeito ritualista com "Black Crown", como eu esperaria de William. Neste prelúdio, um cântico omino preenche o silêncio e o vazio, com uma evocação ou talvez, eu diria, uma ode, às profundezas de um ser. "Sea of Agony" narra a tortura existencial humana e é, no meio desta batida monocromática sem ideias de ir a algum lado, que sentimos o lado confuso e talvez desolado de William, que se revela em sequências rítmicas estranhas e naufrágios emocionais, num mar agoniante. Mas, depois da tempestade vem a bonança. Reminiscente de batidas de 80's, New Wave, chega a prece "Take Me Higher". Nesta malha, um senso de descontração, invade o clima, com uma linha de baixo bem slick e um ritmo contagiante, que tem o poder para puxar até mesmo as velhas guardas.
Depois de "Disease X", o lado mais experimental desta viagem. Seguem-se "How Many Graves" e "Above Thee Below Thee", como já mencionei acima. Em "How Many Graves" - um hino obrigatório das mentes mais necromânticas - William deixa o seu existencialismo tomar parte da cena, insurgindo-se nesta tempestade sonora, onde elementos EBM, Industrial e Eletrónica convergem num só. QUAL mantém assim a tocha acesa de projetos tais como: Skinny Puppy, Das Ich e até SPK. Em "Above Thee Below Thee", o Homem sentimental que conhecemos de William é totalmente assimilado pelo seu alter ego, pelo seu animal interior. E é segurando carne crua, adagas e um grande senso de humor e sarcasmo que o mesmo deixa a sua máscara da sanidade cair. Aqui William dá tenebrosidade à sua voz com distorção e efeitos na voz. Rugindo como um demónio, finalmente solto.
Para terminar "On My Death Bed" e "Existential Nihilism". Na primeira conseguimos sentir ainda a vibe de um espírito de rave que desvanece lentamente, sendo substituída por uma vontade de desaparecer, notada pelos seus suspiros e lamentos. Existe um provérbio antigo que fala bem desta situação "Na cama que farás, nela te deitarás". Concluindo com "Existenctial Nihilism", despedimo-nos desta viagem que é The Ultimate Climax, com desdém que vai desde experimentalismo com filtros, com loops, samples vocais da poesia da autoria de William. Dar uma amostra desta última música, seria fugir totalmente da visão niilista que o mesmo quer projetar, seria limitar a nossa visão e abandonar a minha e a vossa liberdade de interpretar por vocês mesmo.
Quase duma forma pagã, William fecha o seu set, distorcendo a experiência completa...
Texto: Milton
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